sexta-feira , 22 novembro 2024

Marconi se exime de culpa por fracassos nas eleições e frustra aliados tucanos

Apesar da insatisfação, o ex-governador foi eleito presidente da executiva do partido em Goiás em convenção realizada no último sábado (28).

Em privado, aliados do ex-governador Marconi Perillo, eleito presidente da executiva do partido em Goiás em convenção realizada no último sábado (28), disseram ter ficado frustrados com o discurso proferido pelo tucano durante o evento. De acordo com esses integrantes do PSDB goiano, esperava-se que Perillo tivesse a humildade de fazer a mea culpa devida, não só pelas duas derrotas consecutivas ao Senado (2018 e 2022), bem como pela situação que vive o partido no estado.

O PSDB de Marconi Perillo vem sofrendo um processo de esvaziamento ao longo dos anos, e, sem ações de renovação, esse processo se agravou ainda mais no ano passado. Com a segunda derrota consecutiva de Perillo para o Senado, o PSDB encolheu ainda mais. De uma bancada de sete deputados estaduais e cinco federais em 2014, a legenda chega a 2023 com apenas dois representantes na Assembleia Legislativa de Goiás e uma deputada na Câmara Federal. De 75 prefeitos eleitos em 2016, o PSDB goiano conseguiu eleger apenas 20 filiados em 2020, e de lá pra cá tem perdido nomes considerados históricos, como Naiçotan Leite, de Iporá, e Vando Vitor, de Palmeiras de Goiás, que deixaram a legenda recentemente.

No seu discurso, Marconi Perillo preferiu se eximir de qualquer culpa pelos revezes que sofreu nas tentativas de se eleger ao Senado Federal. Em 2018, em meio às investigações da Operação Cash Delivery, do Ministério Público Federal de Goiás, ele foi apenas o 5º colocado na disputa. Em 2022, sem conseguir lançar um candidato a governador, o tucano, surpreendentemente, perdeu a eleição para Wilder Morais, do PL.

O ex-governador chegou a dizer que o resultado não representaria exatamente uma derrota, mas que o eleitor goiano teria dito a ele um “até breve”. A fala foi mais um sinal claro da dificuldade de Marconi em lidar com a derrota para um político tido como do segundo escalão estadual e que foi seu auxiliar em gestões passadas. Além disto, ele atribuiu a Jair Bolsonaro a vitória de Wilder.

Esse comportamento, dizem ex-aliados de Perillo, não contribui para que o PSDB retome qualquer tipo de protagonismo no Estado. Era preciso, avaliam, que o tucano assumisse seus erros, que admitisse que sua reação com a derrota de 2018 prejudicou o PSDB goiano e seus correligionários. A “fuga” de Marconi, como chamam sua decisão de abandonar Goiás e ir para São Paulo logo após o imbróglio com a Polícia Federal, em outubro de 2018, deixou a legenda órfã de liderança e totalmente desarticulada, e as consequências foram as piores possíveis.

Para ilustrar o equívoco de Perillo, eles lembram que Iris Rezende, três vezes derrotado pelo próprio Marconi em disputas pelo governo de Goiás, jamais deixou o Estado e nem a vida partidária. Outros vão além e lembram que até o ex-governador José Eliton, candidato derrotado em 2018, permaneceu em Goiás tentando defender o que entendia como legado tucano. Até hoje Marconi passa mais tempo em São Paulo do que em Goiás, com um cargo de representação na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

A tentativa de Marconi Perillo de polarizar com o governador Ronaldo Caiado também preocupa integrantes do partido que vão às urnas no próximo ano nos diversos municípios goianos. Eles entendem que repetir a receita de ataques a Caiado, hoje com avaliação positiva superior a 70% no estado, é uma estratégia que pode dar errado do ponto de vista político-eleitoral. A avaliação positiva do governador nos municípios pode prejudicar candidatos que se coloquem como oposição radical ao Palácio das Esmeraldas. A tese de alguns pré-candidatos é de que não é inteligente puxar Caiado para a campanha em suas cidades, pois isto tende a fortalecer os candidatos da base governista.

Fonte: g5news

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