quinta-feira , 14 novembro 2024

Santa Casa de Goiânia suspende atendimentos eletivos no dia 19, em ação que pode levar a greve

Santa Casa de Misericórdia de Goiânia irá suspender os atendimentos eletivos na próxima terça-feira (19). A paralisação pode evoluir para uma greve nacional e o intuito no momento é alertar sobre o risco de fechamento definitivo dos hospitais.

Segundo a superintendente-geral do hospital, Irani Ribeiro de Moura, a unidade recebe do Sistema Único de Saúde (SUS) R$ 6,23 por uma consulta médica, valor inferir aos  custos de assistência prestada ao paciente.

“Essa foi uma forma encontrada para mostrar à sociedade e ao poder público que as Santas Casas enfrentam uma das piores crises e que, se nada for feito, a suspensão da assistência poderá ser definitiva, por total falta de condições de funcionamento dos hospitais. Somos responsáveis por 70% do atendimento do SUS na capital e em contrapartida, a Santa Casa recebe do SUS R$ 6,23 por uma consulta médica.  Arredondamos esse valor para R$ 10,00 para pagar os médicos, mas continua irrisório por uma consulta com especialistas”, explica a Irani.

 

A superintendente também destacou o aumento dos medicamentos que colaborou com a crise da Santa Casa. De acordo com ela os medicamentos antes adquiridos por R$19,90, hoje são comercializados a R$245.  Outro fator relevante, foram os atrasos nos repasses de pagamentos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que demoram mais de 100 dias para transferir os valores.

“Para arcar com as contas mensais, o hospital realiza empréstimos, o que só aumenta o endividamento da unidade. E todos os casos cirúrgicos que chegam judicializados à Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia são encaminhados à Santa Casa, sendo que nem todos temos condições de atender”, ressalta a superintendente.

 

Uma manifestação será realizada no dia 26 de abril com a intenção de alertar sobre a crise e os impactos da aprovação do PL 2564/20, que fixa os pisos salariais dos profissionais de enfermagem e está tramitando na Câmara Federal.

“É preciso rever a tabela do SUS e é preciso também mais investimento por parte dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, afinal o SUS é um sistema tripartite e o fechamento dos hospitais filantrópicos provocaria um caos na saúde pública”, afirma Irani Ribeiro

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