Nestor Hermes, empresário baiano suspeito de grilagem, abriu empresa nas Ilhas Virgens Britânicas em 2014 para “poupança pessoal”.
O empresário Nestor Hermes, suspeito de ameaças e grilagem de terras na divisa da Bahia com Goiás, abriu offshore em 2014 nas Ilhas Virgens Britânicas, segundo documentos obtidos pela coluna na base de dados do Pandora Papers, liderada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).
Hermes é alvo na Justiça há pelo menos duas décadas de acusações de grilar terras com funcionários armados, ameaças e violência. Ele também foi autuado por infrações ambientais de cerca de R$ 1 milhão e figurou na lista suja de trabalho escravo, como revelou o repórter José Marques.
Segundo Hermes, ele nunca transferiu dinheiro para a offshore e a fechou logo depois de abri-la. “A empresa foi fechada sem nunca ter operado, pois não houve a implementação do comércio internacional esperado. Nenhuma remessa de dinheiro foi feita por Nestor Hermes para Ilhas Virgens e nenhum imóvel ou qualquer outro ativo foi transferido ou registrado naquele país”, afirmou.
Quando abriu sua offshore, em 2 de junho de 2014, Hermes declarou que a empresa serviria para depositar “poupança pessoal oriunda de trabalho remunerado”. O depósito inicial foi de US$ 10 mil e a receita estimada para o primeiro ano da empresa, US$ 3 milhões.
Não é possível saber quanto dinheiro foi de fato enviado para a corporação — Hermes nega ter usado a conta.
O empresário tem um histórico de dívidas trabalhistas e tributárias. Até o ano passado, Hermes tinha dívida inscrita de R$ 8,7 milhões com a União, que hoje está em situação regular. Suas empresas também já acumularam débitos milionários na última década.
Os registros no passaporte de Hermes mostram que ele foi até Miami em junho de 2014 para abrir sua offshore no Caribe. A intermediária usada por ele, a Fidelity Corporate Services, foi multada por um órgão de controle do governo das Ilhas Virgens Britânicas por não reforçar práticas contra lavagem de dinheiro de seus clientes.
No Judiciário baiano, mais de uma dezena de juízes se declarou suspeita para julgar processos de disputas de terra relacionados a Hermes.
Ele negou que tenha aberto a offshore para evitar execuções fiscais e disse que as dívidas “foram negociadas com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e suas parcelas estão sendo pagas em dia”. “É muito comum que empresários negociem débitos fiscais e não há nada de ilegal nisso”, disse, em nota.
O empresário negou também que tenha usado violência em disputas fundiárias e disse que não há provas dos relatos.
fonte: metrópoles