O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, gravou uma mensagem em tom dramático direcionada à União Europeia (UE) nesta terça-feira, um dia após requerer oficialmente a adesão de seu país ao bloco por meio de um mecanismo expresso de ingresso. Zelensky pediu à UE que prove que está do lado da Ucrânia em sua guerra de defesa contra a Rússia permitindo sua integração ao bloco:
— A União Europeia será muito mais forte conosco, com certeza. Sem vocês, a Ucrânia ficará solitária — disse Zelensky ao Parlamento Europeu por videoconferência. — Provem que vocês estão do nosso lado. Provem que vocês não vão nos deixar ir embora. Provem que vocês são realmente europeus, e então a vida vencerá a morte e a luz vencerá as trevas. Glória para a Ucrânia.
A súplica acontece em um momento de acirramento do conflito, em que a Rússia começa a adotar táticas mais brutais e destrutivas. Há sinais de que, após encontrarem uma resistência mais dura do que esperavam, as forças russas deixam de lado a abordagem de ataques precisos contra alvos estratégicos que marcou os primeiros dias para passar a usar a força bruta de forma mais indiscriminada.
Após vários fracassos militares russos — como visto, por exemplo, na coluna de veículos Tigr fortemente blindados destruídos após tentarem entrar em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia — autoridades dos EUA e de nações aliadas esperam táticas agressivas mais indiscriminadas, com um uso de artilharia e bombardeios pesados. Isto acarretará um número de vítimas e uma destrutividade muito maiores.
Zelensky, que antes de ser presidente tornou-se conhecido como ator cômico, ganhou forte popularidade no Ocidente por sua liderança marcada por mensagens de unidade e encorajamento enquanto seu país está sob ataque.
Na sessão no Parlamento Europeu, a grande maioria dos deputados tinha placas nas quais se lia “Nós estamos com a Ucrânia”.
Apoio da Europa à Ucrânia
O líder ucraniano tem obtido forte apoio das potências europeias, que se mostraram dispostas a empreender esforços severos e arcar com pesados custos para apoiá-lo. Isto inclui o envio de armas e dinheiro e sanções à Rússia até agora só vistas contra Irã, Coreia do Norte e Venezuela.
O apoio a seu país também significou, por exemplo, uma mudança radical de política na Alemanha, que pela primeira vez desde a Segunda Guerra (1939-45) enviou armamentos diretamente para um país em guerra, e aumentou seus gastos militares para 2% do PIB, a serem atingidos nos próximos anos.
Na sessão, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, acusou a Rússia de “terrorismo geopolítico” pela invasão da Ucrânia, e destacou a unidade da UE na condenação desta ofensiva militar.
— Não é apenas a Ucrânia que está sob ataque. O direito internacional, a ordem internacional baseada em regras, a democracia, a dignidade humana também estão sob ataque. Isso é terrorismo geopolítico, puro e simples — disse Michel em seu discurso.
Em sua visão, a Rússia lançou uma ofensiva baseada em “mentiras abjetas”.
Por seu lado, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, assegurou que não é apenas o destino da Ucrânia que está em jogo devido à ofensiva militar, mas o da Europa e, portanto, a situação exige uma resposta coletiva.
— O destino da Ucrânia está em jogo, mas nosso próprio destino também. Devemos mostrar o poder que está em nossas democracias — disse von der Leyen.
Para Von der Leyen, “a forma como respondermos ao que a Rússia está fazendo determinará o futuro do sistema internacional”.
A União Europeia está sob forte pressão para abrir as portas à Ucrânia, mas o processo de adesão do bloco tradicionalmente leva vários anos, em alguns casos quase uma década, de negociações e reformas internas.
Nesse mesmo dia, Michel admitiu que a adesão imediata da Ucrânia gerou “opiniões diferentes”. É necessário apoio unânime dos 27 membros do bloco para a adesão.
Por Mais Goiás