Dois prefeitos que tiveram audiências com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, contam que o pastor Arilton Moura, suspeito de fazer lobby, teria pedido propina para ajudá-los a conseguir recursos da pasta para a construção de escolas nos municípios que administram. As informações sobre o ocorrido, foram feitos pelos prefeitos Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO), e José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul (SP). Os pedidos variaram de R$ 15 mil a R$ 40 mil, além da compra de bíblias.
O Prefeito de Bonfinópolis, Kelton Pinheiro (CIDADANIA) conta que após se reunir no MEC, em Brasília, com Ribeiro e outros 15 gestores municipais no dia 11 de março de 2021, todos foram convidados para um almoço. O encontro consta da agenda oficial do governo. Durante o a refeição, Arilton Moura perguntou Kelton Pinheiro se ele teria algum pedido de melhorias para a sua cidade. Após ouvir que a demanda do município, que no momento era a construção de uma escola, o pastor teria solicitado dinheiro para ajuda-lo a consegui junto ao MEC.
“ele me disse, eu vou mandar um papo reto, você transfere para a minha conta 15 mil hoje que eu faço a indicação, no Brasil as coisas funcionam assim” contou Kelton
Segundo o prefeito de Bonfinópolis, em determinado momento, Arilton Moura teria feito um pedido do qual ele não estranhou, devido ser algo que ajudaria a igreja.
“Ele me pediu para comprar mil bíblias no valor de R$ 50 reais cada para ajudar na construção da igreja, eu até pensei em ajudar porque as bíblias poderiam ser doadas a outras pessoas na minha cidade”. Relembrou.
A mesma história foi contada pelo prefeito de Boa Esperança do Sul, São Paulo, José Manoel de Souza. Segundo informou, também participou de um encontro promovido pelo ministro da Educação com cerca de 30 gestores municipais no dia 13 de janeiro de 2021, o compromisso consta na agenda oficial de Milton Ribeiro. Durante a reunião, Souza pretendia apresentar demandas de ampliação de uma escola em sua cidade e acabar com a terceirização de ônibus escolar.
Após protocolar seu pedido no ministério da Educação, José Manoel e outros chefes de Executivos municipais foram para um restaurante na companhia do pastor Arilton Moura. Segundo o prefeito ele questionou Arilton, como seria as liberações e o pastor o chamou para o lado de fora do estabelecimento, onde perguntou se havia escolas profissionalizantes na cidade após ouvir a resposta do executivo, sobre as dificuldades por ser um município pequeno, o pastor fez a proposta.
“Se você quiser, eu passo um papel agora, ligo para uma pessoa e as escolas profissionalizantes vão chegar ao seu município, mas em contrapartida, você precisa depositar R$ 40 mil para ajudar a igreja. Uma mão lava a outra, né?” — relembra Souza, acrescentando “Eu bati nas costas dele e falei: “Obrigado senhor Arilton, mas para mim não serve”.
Arilton Moura é assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil. A organização é presidida pelo também pastor Gilmar Silva dos Santos. Os dois religiosos atuam como assessores informais do MEC, intermediando reuniões com gestores municipais e ajudando na liberação de recursos da pasta, segundo revelou o jornal “O Estado de S. Paulo”. Em uma conversa gravada, publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo”, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que o governo prioriza prefeituras assessoradas pelos dois líderes evangélicos e que isso atenderia a uma solicitação de Bolsonaro. Em nota, o ministro Milton Ribeiro negou as acusações.