Na manhã dessa quarta-feira (2) o município de Edealina acordou de forma diferente: sirenes, viaturas e carros de emissoras de televisão percorriam pela cidade, a 153 km da capital. Começava o operação Burgomestre. Foram cumpridos 9 mandados de prisão temporárias, 20 de busca e apreensão e 8 de afastamento das funções públicas de servidores municipais da Prefeitura. O que mais surpreendeu os cidadãos da pacata cidade: entre os presos estava o prefeito Dr Winicius Miranda, do PSL.
O prefeito, um médico, “por profissão”, como coloca na suas redes socais, tem 35 anos, natural de São Luís de Montes Belos – GO. Ele tinha acabado de perder as eleições municipais. A vencedora foi a candidata, Cristina (DEM) que obteve 56,62% dos votos, escolhida por 1792 pessoas, eleita no primeiro turno. Enquanto Dr Winicius conseguiu apenas 42,15%, com 1334 votos válidos.
A denúncia foi por fraudes em licitações no município. Que assim como uma herança, o mal vinha da gestão anterior. O esquema teria sido iniciado pelo ex-prefeito da cidade, João Batista Gomes Rodrigues (PTB). O petebista, que geriu o município entre 2013 a 2016, foi preso em março deste ano pelos mesmos motivos. Embora nesse caso, o objetivo era beneficiar empresas que pertenciam à organização criminosa, inclusive empreendimentos que eram de propriedade do prefeito Winicius Arantes.
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) determinou o bloqueio de R$ 4,2 milhões da conta dos investigados. Números distantes dos R$ 433 mil declarados pelo prefeito em sua campanha. Algumas hectares de terra e sua caderneta de poupança. E seus empreendimentos? Provavelmente esqueceu. Mas o Ministério Público já estava de olho e, claro, a ausência delas em sua declaração estará no processo. A moralidade que carrega o partido de Winicius Miranda, e o “17” nas urnas, de novo, se coloca à prova.
Novo, médico, o atual prefeito de Edealina, não levantava suspeitas na cidade. Muitos não entenderam a situação: “Por que? O que aconteceu com o prefeito?”. Se provado, ele e os acusados devem responder por corrupção, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e associação criminosa. A suposta “linhagem corruptiva” que paira Edealina foi interrompida hoje. Pode ter sido interrompida hoje.
OS CITADOS
A reportagem do Atilados não conseguiu contato com a defesa do prefeito Winicius Miranda. O espaço permanece em aberto.