Ex-vigilante, pai de menino de 4 anos se apegou à fé evangélica no início da juventude após ser preso; família diz que ele era perseguido
Goiânia – O autônomo Henrique Alves Nogueira, de 28 anos, tinha uma vida de altos e baixos, até ser levado em uma viatura da Polícia Militar de Goiás na manhã da última quinta-feira (11/8). Ele foi encontrado morto horas depois da abordagem em uma estrada de terra. Os policiais alegaram confronto. No entanto, um vídeo mostrou que ele foi colocado dentro da viatura desarmado.
Sem o nome do pai na certidão de nascimento, Henrique nasceu em Goiânia em novembro de 1993. Para a viúva, que prefere não se identificar, ele era não só um marido e pai de seu filho, mas também um amigo.
Quando o casal se conheceu, Henrique era vigilante. A jovem engravidou e os dois moravam juntos. Segundo familiares, Henrique foi levado na viatura logo depois de ter deixado o filho, de 4 anos, na escola, algo do seu cotidiano. Atualmente ele fazia bico de servente de pedreiro.
Erros do passado
Em seus antecedentes criminais, Henrique foi acusado de furto, foi condenado e cumpriu sua pena. O processo é de 2012. Na época, ele tinha 18 anos.
Em páginas no Facebook que manteve logo depois, Henrique apostava na fé da religião evangélica como um meio de retomar a sua vida. No mesmo período, ele morou em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e participou de uma instituição filantrópica para dependentes químicos.
“Errar ontem, aprender hoje e superar amanhã”, escreveu em uma publicação de 2014. A mãe do jovem comemorava a recuperação do filho e escrevia mensagens de apoio. “Você não sabe quanto tempo perdi mãe”, escreveu Henrique em outra publicação.
Henrique também já foi acusado de tráfico, mas o caso foi arquivado. Além disso, já prestou serviço comunitário por receptação, após ter comprado um celular furtado.
Perseguição
Apesar de ter cumprido suas penas, Henrique teria sido abordado por policiais de forma ameaçadora nos últimos anos, segundo um familiar dele.
Em certa ocasião, ao ir buscar o filho na escola, ele teria sido abordado e quando um dos policiais viu os antecedentes criminais, teria falado que queria dar um tiro na cabeça dele, segundo o parente.
Já em outra ocasião, no começo da pandemia, Henrique teria sido algemado por militares e levado para um local de mata. O jovem teria conseguido escapar e fugir mesmo estando algemado, segundo o familiar.
Essa situação de medo continuou após a morte de Henrique. A mãe e o filho dele mudaram de cidade após o homicídio. A família se sentiu ameaçada porque uma pessoa ligada a ele teria sido procurada por policiais após a morte.
Fonte: Metrópoles