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Por Anna Gabryella Alves e Yago Sales
Luís Alberto Maguito Vilela, 71 anos, pouco conhecido pelo nome composto, carrega o significado de “combatente glorioso”. O nome reflete não apenas os atributos que destacam um bom guerreiro, mas especialmente o orgulho por suas conquistas. Conhecido por Maguito Vilela, Goiânia elegeu um homem que dedicou 40 anos da sua vida à política. De Jataí para Brasília. De vereador a senador.
Eleito prefeito numa disputa acirrada com o senador Vanderlan Cardoso (PSD ) no segundo turno, Maguito foi diagnosticado com COVID-19 em 20 de outubro. Dois dias depois foi internado no Hospital Órion, em Goiânia. Durante a campanha eleitoral do primeiro turno ainda, em 27 de outubro, foi transferido para o Hospital Albert Einstein em São Paulo. Os pulmões se comprometeram.
Após piora no quadro respiratório precisou ser entubado em 30 de outubro. Voltou a respirar sem ajuda de equipamentos em 8 de novembro. Uma semana depois, no dia 15 de novembro, o político ainda sofreu mais uma baixa e piorou, voltando a respiração mecânica e após dois dias começou tratamento respiratório com ECMO, uma máquina que imita as funções dos pulmões.
Em 3 de dezembro, Maguito testou negativo para o novo coronavírus e foi transferido para um leito comum de UTI de hospital. Após dois dias a ECMO foi retirada. Em agosto, duas irmãs de Maguito morreram em consequência aos danos causados pela Covid-19: Nelma Vilela, de 76 anos e Nelita Vilela, de 82.
De vereador a Senador: a trajetória brilhante de Maguito Vilela
O menino Luís da cidade de Jataí quis ser jogador de futebol. Ao invés do gramado, foi para a tribuna: tanto como advogado quanto vereador. O currículo é invejável. Como se a cada eleição se tornasse artilheiro, Luís se tornou o Vilela mais conhecido em Goiás. Além de vereador, como já lembrado, Maguito foi deputado federal e estadual, vice-governador, governador de Goiás e senador da república.
Era uma terça-feira, dia 2 de março 1999, quando Maguito chegou ao Senado e discursou: “A política encontrou-me moço ainda, traçando-me caminhos que, no ritmado andar dos anos, transformaram-se em cotidiano serviço e acabaram por forjar em mim um autêntico sacerdócio.”
O discurso não é desassociado da vida pública de Maguito. Sem os arrogos comuns entre políticos que chegam lá, Maguito sentia-se no dever de fazer mais: elegeu-se e reelegeu-se prefeito de Aparecida de Goiânia. Como repetiu nos últimos anos, modernizou a cidade.
“Autêntico sacerdócio”
Maguito Vilela, em discurso na posse no Senado Federal
Dezesseis dias antes de ser internado, Maguito respondeu a uma pergunta de Patrícia Moraes Machado, jornalista e proprietária do Jornal Opção, que reconhecia a transformação da cidade nos oitos anos em que ele permaneceu na Prefeitura. “Mostrarei a Goiânia que fiz um governo voltado para a industrialização e geração de emprego”, prometia.
Quatro anos depois de deixar para Gustavo Mendanha (MDB) a gestão de Aparecida, num ano em que o mundo se voltou ao isolamento social, Maguito se entregou, de máscaras e cercado de expectativa, para mais uma etapa de seu sacerdócio: administrar Goiânia, a capital do estado pelo qual ele se dedicou em sucessivos mandatos. E, num leito de UTI, foi eleito. Não apenas para ser prefeito, mas para dar um recado à Covid-19 de que há força para vencê-lo.
Há mais de 50 dias goianienses esperam seu prefeito
O político que carrega o espírito de guerreiro desde o seu nome trava uma de suas maiores lutas até hoje: está internado há cinquenta e quatro dias devido às complicações do COVID-19, ele voltou ao processo de redução de sedativos e está com a oxigenação no sangue em nível satisfatório. Com informações divulgadas neste domingo (13), pelo hospital Albert Einstein, em São Paulo, o político está traqueostomizado e em ventilação mecânica, com quadro hemodinâmico estável. Maguito segue com diálise contínua para ajudar o funcionamento dos rins.
A família, correligionários políticos e goianienses sofreram um susto na madrugada de sexta-feira (11). O prefeito eleito de Goiânia sofreu um sangramento nos pulmões e passou por uma cirurgia que resultou em alteração da pressão arterial. Pela situação a equipe médica priorizou a sedação profunda na ocasião.
Enquanto isso, o goianiense espera a posse de Maguito Vilela no primeiro dia de 2021.
