O objetivo da troca é aumentar o apoio da sigla ao governo, principalmente na Câmara dos Deputados, onde a bancada tem dado apoio inconstante em votações de interesse do governo.
Com a promessa de mais apoio ao governo no Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar o deputado Celso Sabino (União-PA) como novo ministro do Ministério do Turismo.
Ex-aliado de Bolsonaro, Sabino é o nome indicado por seu partido para substituir a atual ministra, a deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ), que deseja trocar a sigla pelo Republicanos, que não integra a base de Lula. A troca é dada como certa no Palácio do Planalto, mas a data do anúncio ainda não está fechada, segundo a BBC News Brasil apurou.
Carneiro participa nesta quinta-feira (15/6) de uma reunião de Lula com todos os ministros. A previsão é que ela faça um balanço da sua gestão, dando um tom de despedida do governo.
O objetivo da troca é aumentar o apoio da sigla ao governo, principalmente na Câmara dos Deputados, onde a bancada tem dado apoio inconstante em votações de interesse do governo.
O União Brasil é um dos maiores partidos do Congresso, com 61 deputados e 9 senadores.
Políticos ligados ao União Brasil controlam três ministérios, mas Carneiro é vista como uma escolha pessoal de Lula.
As outras duas indicações são atribuídas ao senador Davi Alcolumbre (União-AP), que não tem influência relevante sobre deputados do partido.
Uma delas é a do deputado federal Juscelino Filho (União-MA), que comanda o Ministério das Comunicações. A outra, no Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, é Waldez Góes, ex-governador do Amapá que está licenciado do PDT — ou seja, não integra o União Brasil.
A expectativa é que a substituição de Carneiro por Sabino melhore o apoio entre os deputados porque a indicação do deputado tem apoio de dois nomes de peso na Câmara: o líder do partido na Casa, Elmar Nascimento (União-BA), e o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
O próprio Nascimento chegou a ser cotado para ministro quando Lula estava montando sua equipe após ser eleito, mas seu nome foi barrado pelo PT da Bahia, pesando contra ele justamente seu passado bolsonarista.
“Espaço de manobra encolheu”
Para o cientista político Creomar de Souza, professor da Fundação Dom Cabral e fundador da consultoria política Dharma, a esperada nomeação de Sabino segue “uma lógica de sobrevivência do governo, do ponto de vista pragmático”.
Na sua visão, o fato de a proximidade com Bolsonaro não parecer mais razão de veto para comandar um ministério mostra que o “espaço de manobra” do governo encolheu. (Veja abaixo o histórico de Sabino)
“Caso a indicação se confirme, isso mostra que talvez o espaço de manobra do governo para dizer não (a indicações partidárias) nesse momento, nessa conjuntura, é menor do que era no início de janeiro”, analisa.
O apetite do União Brasil por cargos não se limita ao comando do ministério do Turismo.
Nesta semana, Elmar Nascimento disse a jornalistas que a sigla deseja o “o ministério completo, com todas as posições, porque é um ministério pequeno”.
Estaria no foco, portanto, também a chefia da Embratur, empresa pública de fomento ao turismo que hoje é presidida por Marcelo Freixo (PT-RJ).
Procurado pela BBC News Brasil, o deputado Celso Sabino disse que não poderia dar entrevistas até que seu nome fosse confirmado.
Daniela Carneiro também foi procurada por meio da assessoria do ministério, mas não houve retorno. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República também não respondeu ao contato da reportagem.