Caminhões de empresas do agronegócio pressionam barreira para invadir Esplanada

Caminhões de empresas do agronegócio pressionam barreira para invadir Esplanada

Empresas ainda mantém caminhões na Esplanada dos Ministérios. Mais de 100 caminhões foram contados pela imprensa local, 17 pressionam para invadir o acesso ao Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Os caminhões integram as manifestações de apoio ao presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). As ameaças são diretas ao STF, como pressão para que o ministro Alexandre de Moraes seja penalizado por ter autorizado prisões de militantes bolsonaristas, investigados por declarações golpistas e antidemocráticas.

 

A manifestação foi marcada pela forte pressão de caminhoneiros e manifestantes forçando a derrubada da última barreira existente, na altura do Itamaraty, na tentativa de invadir o Congresso. A tentativa de invasão continua nesta quarta-feira.

 

Uma fileira de caminhões foi feita rente à grade que protege todo o Congresso, com os veículos ligados, buzinaços são feitos o tempo todo, o grupo bolsonarista tenta avançar pela via. A polícia militar vem conseguindo conter as tentativas de invasão.

 

Mas o clima de hostilidade com os policiais e jornalistas que formam a barreira de contenção é intenso. O movimento é alimentado por empresas do agronegócio de Goiás, Santa Catarina e São Paulo.

 

A maioria dos caminhões tem identificação empresarial. “Arroz e Feijão Grão Dourado” é uma das empresas que mantém frota na linha de frente do ato,  em Brasília. A empresa situada no estado de Goiás, com sede em Piracanjuba, tem 17 caminhões pressionando a quebra da barreira de contenção, segundo jornalistas que acompanham de perto as ameaças constantes.

 

Uma média de quatro caminhões de grande porte carregam a inscrição do Grupo do Brasil Novo, com sede em Florianópolis. A empresa é especializada em transporte rodoviário, com boa parte dos serviços voltadas ao agronegócio.

 

Três caminhões são identificados a duas empresas no nome dos mesmos empresários ‘Irmãos Chiari Agropecuária e Dez Alimentos’. Existe um padrão entre as frotas, a maior parte dos veículos possuem as mesmas características e pertencem a grupos econômicos.

 

Com empresas do agronegócio o movimento de viés golpista do presidente Jair Bolsonaro segue vivo em Brasília. Os manifestantes a bordo dos caminhões, falam abertamente em invasão ao STF, em fechamento da Suprema Corte, e em prisão dos ministros, dando sequência ao discurso antidemocrático do executivo.

 

A ironia de tudo, é que os verdadeiros caminhoneiros, aqueles independentes que não aguentam mais rodar por causa do valor do petróleo, não estão presentes nestas manifestações. Quem está ali causando caos, são empresários agricultores, que estão amando o alto valor do dólar que está a 7 reais. Enquanto alguns empresário tentam derrubar a democracia, priorizando apenas o seu bolso, é o povo quem sofre. Isto é o brasil.

 

O caminhoneiro Wanderlei Alves, mais conhecido como Dedeco, um dos líderes da greve da categoria em maio de 2018, disse a O Antagonista que esses motoristas deveriam ser presos por causar terrorismo e complementou dizendo que a culpa é do Bolsonaro.

 

Dedeco disse ainda que o presidente é o responsável por causar toda essa loucura no país “Bolsonaro é o culpado de tudo isso. Bolsonaro incendiou o país. Vai dar morte isso aí. Vai morrer gente e Bolsonaro será o responsável.” Disse o caminhoneiro.

 

A presença dos caminhões virou um problema de segurança pública de difícil solução. As autoridades de segurança do Distrito Federal fazem reuniões para tentar encontrar uma forma de desocupar o local. No entanto, não estão conseguindo contato com os representantes para tratar da retirada dos caminhões.

 

Para as autoridades a maioria dos caminhões e ônibus ainda presentes na Esplanada, não tem relação com os movimentos cadastrados. Quatro dos que tem cadastro tem carta branca para permanecer e manifestar até o fim da tarde desta quarta-feira.

 

Caso não haja uma saída espontânea, a segurança não sabe como será feita a retirada dos manifestantes. A preocupação é de que muitos têm estrutura para permanecer dias na via, com barracas, material de cozinha e comida.

 

Até o fechamento desta matéria, não consegui contato com as empresas citadas.

Iasmim Marques