O governador Ronaldo Caiado (UB) afirmou que sua proposta de anistia não se aplica aos supostos mentores do plano golpista revelado na Operação Contragolpe da Polícia Federal, realizada nesta terça-feira (19). Durante o lançamento do livro do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles em Goiânia, Caiado destacou a importância de diferenciar aqueles que foram “massa de manobra” dos verdadeiros responsáveis pelo plano.
Questionado sobre a operação, o governador declarou que a articulação para assassinar autoridades é “inaceitável e inadmissível”, ressaltando que isso causa repulsa em todos que defendem uma democracia sólida.
“Eu fui o primeiro a defender a anistia com base nas informações disponíveis na época. Contudo, isso não se aplica a situações como essa. Jamais imaginei que propostas desse tipo fossem cogitadas. Ganhar ou perder uma eleição é normal, mas o respeito à democracia é primordial. É fundamental identificar quem são os mentores e quem foi utilizado como massa de manobra”, afirmou Caiado, comparando as invasões golpistas de 8 de janeiro aos atos de vandalismo do MST (Movimento dos Sem Terra), que não sofreram punição.
*Sobre a Operação*
Na manhã de terça-feira (19), a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão contra suspeitos de planejar um golpe de Estado no final de 2022, com o intuito de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Cinco pessoas foram presas, incluindo quatro militares das forças de operações especiais, conhecidos como “kids pretos”, e um policial federal.
Entre os presos está o general de brigada da reserva Mario Fernandes, que já atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro. Os documentos da PF revelam detalhes sobre planos intitulados “Copa 2022” e “Punhal Verde Amarelo”, que envolviam a monitorização, prisão ilegal e até execução de figuras centrais como o ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente eleito Lula e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.
A investigação revelou trocas de mensagens, documentos e áudios que sustentam as alegações. A PF também destacou uma reunião em 12 de novembro entre alguns dos suspeitos, onde foram discutidos os detalhes logísticos para a operação planejada para 15 de dezembro. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, prestou depoimento e negou conhecimento sobre o plano de assassinato, mas a PF apontou inconsistências em seu relato.