Diante da tentativa de censura ao Atilados, o jornalista Waldemar Rego, um dos articulistas mais respeitados da imprensa goiana, faz uma reflexão importante
O jornalismo não deve temer a justiça, mas se aliar a ela.
Num país em que o básico constitucional tem que ser prolatado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) porque a justiça está politizada pela mesquinharia dos interesses, como é o caso da obrigação de se tomar a vacina contra Covid-19, não poderia ser diferente com a imprensa.
No universo apodrecido das redes sociais, que é onde os idiotas possuem voz, isso segundo Umberto Eco, a imprensa séria vem sendo massacrada, não por mentiras do tipo fake news – essas são simplesmente destruídas por qualquer jornalista medianamente informado.
O que pesa mesmo são os grupos que se organizam por meio de redes sociais para destituir a verdade dos fatos e com isso lograrem resultados por interesses escusos visando como consumidor final, o achista desinformado – aquele que vai replicar o discurso alienante desses grupos, porque esses grupos não falam ao seu cérebro, mas ao seu coração. Ouvem aquilo que gostam.
Desinformar é preciso, esse é o lema
A justiça é o caminho predileto dessas formigas da contravenção que trilham pelo direito amplo, para nele coibir matérias que venham soprar o fumacê que cobre a façanha de seus delitos. O jornalismo ao pé da letra possui em sua função precípua a mais ardorosa das tarefas que é revelar a verdade escondida pelos poderosos. E a defesa desse poder paralelo é articular o poder legitimado e dele fazer instrumento persecutório e em muitos casos com a anuência da magistratura mancomunada pelos interesses de velhas amizades que rendem ao longo dos processos, informações sigilosas que valem peso de ouro no avesso dos processos, cujas demandas são milionárias.
Assim, se divulgada a verdade dos fatos, o silêncio da parte denunciada pode ser ainda mais velado pelo escrutínio da justiça através do sigiloso processo kafikiano costurado pelas linhas invisíveis algumas desembargadorias comprometidas. Tudo isso bem longe, fora da vista da sociedade, tudo isso para não sucumbirem abraçados no escândalo.
Ora, é sabido nas teorias da comunicação que o jornalismo “vem colocar ordem no caos”. São eles – os jornalistas – os investigadores das subversões do poder legitimado e seus abusos. Tanto do poder político quanto do poder judiciário que hoje se encontram em boa parte, geminados pelos interesses, estes, os mais apodrecidos de nossa curta, mas cabeluda história constitucionalizada pela carta de 88, e as antes também.
O Brasil está medonho, mais um pouco e acreditaremos que a terra é plana, elegeremos nazifascistas para nos governar, acreditaremos que a Covid-19 é uma arma chinesa de dominação mundial e Donald Trump fez acordo com ETs sobre tecnologia. E por aí vai…
Aqueles que são denunciados pelo jornalismo não podem ficar calados em virtude da máxima que diz: “quem cala consente.” Os arroubos de indignação dessa chusma que opera o direito, torcendo a lei contra jornalistas e meios de comunicação, dura até a segunda ou no máximo ate a terceira instância, onde são demovidos e impedidos de suas óbvias intenções.
*Waldemar Rego é jornalista