A volta dos que nunca se foram? O “Centrão” continua

A volta dos que nunca se foram? O “Centrão” continua

Por Gabriella Braga

A definição dos prefeitos de todas as capitais brasileiras neste domingo (29) – com exceção de Macapá (AP), que teve as eleições adiadas para o próximo domingo (6) devido ao apagão que acometeu o estado por pelo menos três semanas – aponta para uma ascensão dos partidos do “Centrão”, ante a derrocada dos partidos mais à esquerda no espectro político.

Novamente, o Centrão que busca incansavelmente por sua perpetuação no poder, pelo menos nas eleições municipais, alcançou o feito. Mesmo com uma queda no número de prefeituras conquistadas pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a sigla ainda conseguiu emplacar 786 prefeitos eleitos, contando com cinco capitais: Goiânia (GO), com Maguito Vilela, Boa Vista (RR), com Arthur Henrique, Cuiabá (MT), com Emanuel Pinheiro, Porto Alegre (RS) com Sebastião Melo – após vitória sobre a esquerdista Manuela D’Ávila (PC do B) – e Teresina (PI), com Dr. Pessoa.

Em ascensão desde 2016, o Progressistas (PP) alavancou de 495 candidatos em 2016, para 685 em 2020, se tornando o segundo com mais prefeitos eleitos. Nas capitais brasileiras, o partido conquistou João Pessoa (PA), com Cícero Lucena e Rio Branco (AC), com Tião Bocalom.

O Democratas (DEM) – partido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e com grande influência política – foi o que mais cresceu nos cargos municipais, conquistando capitais importantíssimas, como o Rio de Janeiro (RJ), onde Eduardo Paes ganhou por uma quantidade expressiva de votos de Marcelo Crivella (Republicanos) – candidato esse apoiado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Com Rafael Greca reeleito, o partido venceu em Curitiba (PR), na capital catarinense, com Gean, e na capital baiana, com Bruno Reis.

Conquistando apenas reeleições, o Partido Social Democrático (PSD) segue na capital mineira, com Alexandre Kalil, e em Campo Grande (MS), com Marquinhos Trad.

Fora do Centrão, mas ainda com ideologia alinhada mais à direita, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que em 2016 contava com 799 prefeitos, perdeu 278 cadeiras e agora conta com apenas 521. No entanto, segue na maior capital brasileira, com a reeleição de Bruno Covas em São Paulo – vitorioso em cima do adversário psolista Guilherme Boulos. Em segundo mandato, segue Álvaro Dias, em Natal (RN), Cinthia Ribeiro, em Palmas (TO) e em seu primeiro mandato, Hildon Chaves, em Porto Velho (RO).

O sepultamento do PT?

Pela primeira vez, o Partido dos Trabalhadores (PT) não conseguiu emplacar nenhum mandatório em capitais brasileiras, mesmo chegando ao segundo turno nas capitais pernambucana e capixaba. Em Recife, a petista Marília Arraes saiu derrotada, com 43,73% dos votos. Quem conquistou lá foi João Campos (PSB) – ele teve 56,27% dos votos. Já em Vitória, o bolsonarista Delegado Pazolini (Republicanos) conquistou o mandato com 58,50% dos votos e João Coser alcançou apenas 41,50%.

Com mais candidatos em disputa neste segundo turno, sendo 15 em 57 cidades, o partido saiu vitorioso em apenas quatro: Contagem e Juiz de Fora (MG) e Diadema e Mauá (SP). Por isso, sai dessas eleições com mandato em apenas 183 prefeituras, mostrando uma queda brusca desde 2016, onde o partido alcançou 254 cadeiras.

Por outro lado, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) conquistou o cargo mais importante da prefeitura de Belém (PA) com Edmilson Rodrigues, que já ocupou o cargo entre 1997 e 2004. Uma vitória importante para o partido, que lançou Guilherme Boulos para as eleições da capital paulista, mas sem sucesso.

No entanto, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), de centro-esquerda, apontou na frente das siglas mais conhecidas. Assim, saiu das eleições municipais com vitória em Maceió (AL), pelo candidato JHC, e em Recife (PE).

Iasmim Marques