À espera de um milagre: Maguito ganha confiança para ser prefeito de Goiânia

À espera de um milagre: Maguito ganha confiança para ser prefeito de Goiânia

Por Leonardo Belloni e Yago Sales

A mil km de Goiânia, em um leito dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Israelita Albert  Einstein, em São Paulo, Maguito Vilela (MDB) era lembrado durante todo o domingo (29) por eleitores, militantes e jornalistas. Na briga por voto com o senador Vanderlan Cardoso (PSD), Maguito foi eleito com pouca diferença – 27.461 votos – durante uma internação grave, preocupante e, dizem os médicos, com melhora gradual.

Apesar do recorde de abstenções, ou seja, 36,75% de eleitores não foram às urnas na capital, o líder municipalista foi eleito por 52,60% dos goianienses. Foram 277.497 votos no total. Eleição essa que aconteceu de forma inédita, devido ao estado de saúde do político, internado se recuperando de COVID-19. O senador da República, Vanderlan Cardoso, deverá se contentar com 47,40% dos eleitores com 250.036 votos, apesar da sua controversa campanha de marketing. E, agora, cumprir o documento que assinou declarando que cumpriria seu mandato de senador.

(Foto: reprodução)

Enquanto o pai segue internado, em São Paulo, desde outubro, Daniel Vilela – presidente do MDB em Goiás- conseguiu equilibrar-se. Daniel praticamente virou a voz, o corpo, sempre com o mesmo espírito de liderança do pai, na corrida ao e pelo 2º turno. Postagens diárias, substituição na agenda do pai e atualização do quadro de saúde fizeram com que a eleição fosse assegurada. Vale lembrar que a campanha emedebista não explorou contundentemente a internação do cabeça da chapa. Ao contrário, como se sabe, da estratégia de marketing do Vanderlan.

Antes de ser contaminado pela Covid-19, Maguito percorreu Goiânia, em trios, carrocerias e a pé apenas 23 dias de campanha. Ou seja, 1/3 . Diferente de Jair Bolsonaro – que foi vítima de uma facada -, que levava desvantagens em debates, o político sempre foi muito bem articulado e polido. A ausência poderia significar sua derrota. Não foi o caso.

Maguito que já foi governador e prefeito de Aparecida de Goiânia, fará seu primeiro mandato na capital goiana.

O estado de saúde de Maguito foi um fator decisivo para essa eleição. Como avaliamos, não tenha sido definitivo. Maguito tem uma sólida experiência política. Mas, o brasileiro, que é notoriamente comovido com tragédias, foi alimentado pelo grau de sensibilidade trazido pela pandemia do Coronavírus e todas as suas lástimas. Circunstância que Vanderlan ignorou em sua campanha de 2º turno, inclusive acusando a chapa opositora de esconder o real estado de saúde de Maguito. Circunstanciando até fakenews sobre o candidato eleito estar morto, logo desmentida por sua assessoria.

Foto: Divulgação/Campanha Vanderlan Cardoso

Os ataques de Vanderlan não pararam por aí. Em diversas oportunidades, o Senador dirigiu-se diretamente ao vice de Maguito, Rogério Cruz (REPUBLICANOS) e sua origem religiosa na Igreja Universal, como se o prefeito eleito já estivesse fora do páreo. Em comícios pela cidade, Vanderlan repetiu inúmeras vezes, por exemplo: “Não iremos eleger um carioca para a Prefeitura de Goiânia”. Cardoso referia-se à cidade de nascimento (Duque de Caxias-RJ), do vice-prefeito, Rogério Cruz.

Muitas pessoas consumiram esse tipo de abordagem, tanto que a diferença entre os candidatos chegou a ser maior. Esse discurso de ódio, que ainda tira páreo candidatos, não foi bem quisto por aqui. Goiânia tem um prefeito eleito que, à espera de um milagre, entra para história da crônica política brasileira.

 

 

Iasmim Marques