A decisão do Partido Liberal (PL) de não recorrer da decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) que reverteu a inelegibilidade do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e garantiu a permanência do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), e da vice, Cláudia Lira (Avante), encerra um dos processos mais sensíveis do cenário político goiano neste início de ano eleitoral.
Mais do que uma simples escolha jurídica, a desistência do PL revela movimentações estratégicas profundas, costuradas nos bastidores, e que podem impactar diretamente o tabuleiro eleitoral de 2024 e até as articulações para 2026.
Entenda o Caso: o Julgamento no TRE-GO
No último dia 8 de abril, o TRE-GO rejeitou a cassação dos mandatos do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, e de sua vice, Cláudia Lira, ambos acusados de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2020. Na mesma sessão, os juízes da Corte também reverteram a inelegibilidade do governador Ronaldo Caiado, que estava sendo questionado por suposto envolvimento indireto em apoio político irregular.
Com a decisão, o União Brasil – partido de Caiado e Mabel – obteve uma vitória expressiva, assegurando força institucional no maior colégio eleitoral do estado: a capital.
PL recua: o que está por trás dessa decisão?
Embora o PL tenha sido uma das siglas mais ativas no questionamento judicial do grupo de Caiado, o partido anunciou na noite desta segunda-feira (14) que não irá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a decisão do TRE-GO.
Fontes ligadas aos bastidores da política goiana apontam que a escolha foi fruto de uma costura silenciosa entre lideranças da direita, com foco na preservação de pontes políticas entre os grupos de Jair Bolsonaro (PL) e Ronaldo Caiado (UB).
Apoio à anistia do 8 de janeiro: um gesto que pesou
Um dos pontos que teria pesado na decisão do PL foi a posição pública de Caiado a favor da anistia das pessoas envolvidas nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O PL, partido de Bolsonaro, ainda conserva uma base significativa que defende a anistia como forma de proteger apoiadores presos. O apoio de Caiado foi lido como um gesto de aproximação simbólica com essa base, o que facilitou o entendimento político.
“Foi um sinal de que Caiado está disposto a dialogar com os conservadores de forma mais direta. Esse gesto, embora polêmico, foi interpretado como um trunfo para pacificar os ânimos entre as lideranças da direita em Goiás”, avaliou um cientista político ouvido pela equipe do Goiás da Gente.
Recomposição de forças para as eleições de 2024
Ao evitar um enfrentamento direto com Caiado, o PL sinaliza que pode priorizar alianças pragmáticas nos municípios, especialmente na capital e em cidades estratégicas. O movimento também abre espaço para que o governador atue com mais liberdade como padrinho político nas articulações municipais.
Por outro lado, Sandro Mabel, que estava sob risco de perder o mandato, ganha fôlego para governar e se projetar como figura de peso na disputa da Prefeitura de Goiânia em 2024, seja para reeleição ou para alavancar um sucessor.
E 2026? Caiado já se move no tabuleiro nacional
Com a inelegibilidade afastada, Ronaldo Caiado se mantém viável para disputar protagonismo no cenário nacional em 2026, seja como possível pré-candidato à presidência ou como nome forte para alianças federais. Ao se mostrar disposto a dialogar com setores bolsonaristas, o governador fortalece sua posição em um campo político onde união e pragmatismo podem definir o futuro da direita brasileira.
A decisão do PL de não recorrer não foi apenas um gesto de desistência jurídica. Foi, acima de tudo, um movimento estratégico que reforça a estabilidade política do grupo de Caiado, pacifica parte da base conservadora e prepara o terreno para acordos eleitorais sólidos nas próximas disputas.
Enquanto os holofotes se voltam para os candidatos municipais, os bastidores continuam operando em silêncio, redefinindo o futuro da política goiana.Acompanhe mais análises políticas em nosso portal e nas redes sociais do Goiás da Gente.
Redação