domingo , 10 novembro 2024

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O comandante dos rebeldes afegãos que ainda desafia o Talibã

O líder da resistência ao Talibã tinha 12 anos quando seu pai, o lendário comandante afegão Ahmad Shah Massoud, foi assassinado pela Al-Qaeda, dois dias antes dos atentados de 11 de setembro de 2001. Ahmad Massoud seguiu seus passos, comandando os insurgentes do Vale do Panjshir — que significa o Vale dos Cinco Leões — único reduto que ainda não havia sido reivindicado pelo Talibã desde que assumiu o controle do país. Após a morte do pai, Massoud filho foi educado no exterior. Especializou-se em Estudos de Guerra no King’s College e teve formação militar na Real Academia de Sandhurst, ambos no Reino Unido. Aos 32 anos, ele lidera, ao lado do ex-vice-presidente Amrullah Saleh, os rebeldes da Frente de Resistência Nacional que agora o Talibã diz ter derrotado no domingo.

 

Numa mensagem de áudio de 19 minutos divulgada ontem segunda-feira, Ahmad Massoud se manteve desafiador e convocou os afegãos à insurreição. “Onde quer que você esteja, dentro ou fora, convido você a iniciar uma revolta nacional pela dignidade, liberdade e prosperidade de nosso país.”

Seu destino ainda permanece nebuloso, diante do anúncio do Talibã de que capturou a região, matou o porta-voz da NFR e hasteou a bandeira do grupo no último foco de resistência do país, com 150 mil habitantes.

O comandante dos rebeldes deixou claro que não acredita no discurso moderado do grupo que tem o poder no Afeganistão. “Os talibãs não são afegãos. Eles são estrangeiros e querem manter o Afeganistão isolado do resto do mundo.”

Logo depois que os extremistas chegaram a Cabul, no dia 15 de agosto, Ahmad Massoud publicou um artigo no jornal “Washington Post”, apelando aos EUA pela intervenção no país. “O Talibã não é um problema apenas para o povo afegão. Sob o seu controle, o Afeganistão sem dúvida se tornará o marco zero do terrorismo islâmico radical; tramas contra as democracias serão articuladas mais uma vez aqui”, vaticinou.

 

Cercado, Massoud ainda tenta honrar o compromisso de repetir, com o Talibã, os feitos do pai, o carismático “Leão de Panjshir”, que ajudou a expulsar as tropas soviéticas do país.

 

Com localização privilegiada e isolada do resto do país, a região tem um único acesso, por uma estreita passagem pelo rio Panjshir. Desta forma, teve um papel decisivo na história afegã, por preservar sua independência na ocupação da União Soviética, na década de 1980, e no primeiro governo do Talibã, entre 1996 e 2001.

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