Os deputados do Partido Liberal (PL) protocolaram, na terça-feira (4/7), um pedido de impeachment contra o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A movimentação se deu pelo discurso de Lula no Foro de São Paulo, na última semana (29/6). O evento reuniu diversos partidos políticos de esquerda da América Latina e do Caribe. O pedido é assinado por 28 parlamentares.
Em discurso, Lula criticou a “extrema-direita fascista”. O petista afirmou, porém, que o discurso da esquerda precisa ser “rediscutido” para que as pautas voltadas a políticas sociais avancem.
“O Foro de São Paulo é uma benção que nós podemos criar na América Latina. A esquerda tem problema no mundo inteiro. É preciso que a gente rediscuta o discurso da esquerda. É preciso que a gente reflita o que a gente quer e como a gente vai fazer para conquistar”, defendeu Lula.
O presidente acrescentou que não se ofende em ser chamado de comunista, mas, sim, quando pessoas alianhadas a pautas da esquerda são chamadas de “nazistas”: “Eles nos acusam de comunistas, achando que nós ficamos ofendidos com isso. Mas não ficamos ofendidos. Nós ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazistas, de neofascistas, de terrorista, mas de comunista, socialista, nunca. Isso não nos ofende, isso nos orgulha”, declarou.
As declarações foram citadas na petição encaminhada ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
“Em relação à realização do 26° encontro do Foro em Brasília, ao participar de sua abertura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a ‘direita fascista’, pediu união da esquerda no Brasil e disse que tem orgulho de ser chamado de ‘comunista’. Em seu discurso, o chefe do Executivo brasileiro admite que o ‘discurso do patriotismo e da familia’, premissas inegociáveis do povo brasileiro, não estão alinhados com o progressismo que prega”, escreve.
“Diante do exposto, requer-se a imediata abertura do competente processo de impeachment contra o sr. Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil, conforme os fatos acima expostos, submetendo-se o pedido ao plenário da Câmara dos Deputados, após o devido processamento deste perante essa Casa de Leis e outorgado o devido direito de ampla e plena defesa ao denunciado, para que receba esta demanda e admita o seu processamento em seus ulteriores termos”, diz o documento.
O pedido é assinado por 28 deputados: Paulo Bilynskyj (PL-SP); Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS);Zé Trovão (PL-SC); José Medeiros (PL-MT); Sargento Gonçalves (PL-RN); Coronel Meira (PL-PE); Daniel Freitas (PL-SC); Carla Zambelli (PL-SP); Delegado Eder Mauro (PL-PA); Delegado Caveira (PL-PA); Bia Kicis (PL-DF); Fábio Costa (PP-AL); Coronel Chrisóstomo (PL-RO); Junio Amaral (PL-MG); Maurício Marcon (Podemos-RS); Capitão Alden (PL-BA); Sanderson (PL-RS); Luiz Philippe de O. Bragança (PL-SP); Gilvan da Federal (PL-ES); Nikolas Ferreira (PL-MG); Mário Frias (PL-SP); Sóstenes Cavalcante (PL-RJ); Dr. Frederico (Patriota-MG); Messias Donato (Republicanos-ES) Daniela Reinehr (PL-SC); Abílio (PL-MT); Silvia Waiãpi (PL-AP) e Marcos Pollon (PL-MS).
O Foro ocorreu, pela primeira vez presencialmente, desde o início da pandemia, em 2020. Este ano, o tema “Integração regional para avançar na soberania latino-americana e caribenha” guiou a edição.
A primeira reunião do foro ocorreu em julho de 1990, após a derrubada do muro de Berlim, na Alemanha. Na ocasião, partidos e organizações de esquerda de diversos países se reuniram em São Paulo para discutir o posicionamento da esquerda no mundo.
Políticos ligados à direita argumentam que o Foro de São Paulo reúne movimentos que fazem apologia a ditaduras de esquerda. A esquerda, porém, trata o movimento como uma reunião de partidos de correntes democráticas da esquerda.