quinta-feira , 14 novembro 2024

Empresas na mira da PF atuaram em vários órgãos ligados ao PP

Desvio de verbas do MEC para compra de kits de robótica, que pôs assessor de Arthur Lira na mira, é só a ponta de um emaranhado de negócios.

Mais do que compras suspeitas para escolas públicas e relações duvidosas de um assessor do presidente da Câmara dos Deputados, a rotina de dois entregadores de dinheiro flagrada pela Polícia Federal (PF) desnuda uma rede de pessoas e empresas interligada com outros ministérios e órgãos públicos, e envolvida em contratos milionários com diversos indícios de fraudes e digitais do antigo PP, hoje Progressistas, partido de Arthur Lira.

A investigação da PF, que começou indo atrás do superfaturamento de kits de robótica no Ministério da Educação (MEC) e jogou luz sobre o suposto envolvimento de Luciano Cavalcante, assessor fiel de Lira, esbarrou em outras fornecedoras estatais para obras e serviços, como segurança, limpeza e até coleta de resíduos. No governo federal, essas firmas estão nos ministérios ou foram deles, como, por exemplo, o da Cidades, o da Infraestrutura e o da Agricultura.

Mesmo dentro do MEC, foco inicial dos policiais, os tentáculos vão além dos kits de robótica — e nessas outras frentes também há sinais de irregularidades. Duas instituições federais de ensino sediadas no estado de Lira, por exemplo, puseram dinheiro em uma das empresas investigadas: o Instituto Federal de Alagoas (IFAL) e a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) fecharam mais de R$ 13 milhões em contratos com a empresa BRA Serviços Administrativos Ltda.

A BRA tem como dono o policial civil alagoano Murilo Sérgio Jucá Nogueira Junior. Segundo as investigações, ele é ligado ao endereço onde, no dia da deflagração da operação, a PF encontrou R$ 4 milhões em dinheiro vivo dentro de um cofre. É também proprietário de um carro usado tanto para a entrega de valores no esquema como para a campanha de Lira a deputado nas eleições de 2022.

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