Para além de uma vida política ativa, Ana também atuou, ao longo de sua trajetória, como escritora, historiadora, pedagoga, advogada e jornalista.
Ana Braga, a primeira mulher eleita vereadora na Câmara Municipal de Goiânia, morreu nesta terça-feira (20), aos 99 anos, em casa e de causas naturais. Completaria 100 anos em 29 de novembro.
O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Romário Policarpo (Patriota), lamentou o falecimento de Ana Braga e decretou luto de três dias no Legislativo. Destacou, ainda, atuação da parlamentar na conquista dos direitos civis das mulheres goianas e brasileiras, em especial na política e no serviço público.
“Ana Braga foi pioneira em tudo o que fez em sua vida. Sua trajetória como parlamentar, primeira-dama, professora e tribuna seguirá inspirando muitas gerações de homens e mulheres públicos”, disse.
Bacharel em geografia e história, licenciada em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e formada em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Ana Braga de Queiroz nasceu em 29 de novembro de 1923, em Peixe (TO). Ingressou na política em 1945, ao declarar apoio à candidatura de Coimbra Bueno para o governo de Goiás. Naquele ano, funda o diretório regional da União Democrática Nacional, partido pelo qual se elegeria vereadora dois anos mais tarde, em 1947.
Na Câmara de Goiânia, enfrenta com altivez a resistência à sua atuação parlamentar e ganha destaque na defesa do direito de as mulheres participarem da política. Candidata-se a deputada estadual no pleito seguinte, em 1959, e conquista cadeira na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). No ano seguinte, transfere seu domicílio eleitoral de Goiânia para Tocantinópolis para acompanhar o marido, eleito prefeito do muncípio, nas atividades adminstrativas.
Dedica-se, a partir de então, tanto às rotinas de primeira-dama de Tocantinópolis quanto às ações legislativas da Assembleia. Em 1962, Trajano se elege prefeito de Porangatu e, mais uma vez, Ana Braga se transfere com o esposo para acompanhar a vida política e administrativa do município do norte de Goiás.
Em 1984, é nomeada consultora técnica da Companhia Agrícola do Estado de Goiás, no governo Ary Valadão. No governo seguinte, de Iris Rezende Machado assume a coordenadoria-geral do Departamento de Administração da Secretaria da Fazenda. Membro da Academia Goiana de Letras e Artes de Goiás (Aflag), seu primeiro discurso na entidade, feito em 9 de novembro de 1970, é considerado histórico para a política e a cultura de Goiás.
Para além de uma vida política ativa, Ana também atuou, ao longo de sua trajetória, como escritora, historiadora, pedagoga, advogada e jornalista.
“Ganhei fama política porque, quando veio a Revolução de 1945 (fim do Estado Novo, de Getúlio Vargas), e o Brasil se redemocratizou, não havia mulheres que quisessem ir para a tribuna. A democracia estava gritando, pelejando, sabe? Mas, que mulher queria subir no palanque, naquele tempo, me diz? Aí sobrou para mim”, relatou, aos risos, em uma de suas últimas entrevistas.
O velório será realizado, nesta quarta-feira a partir das 8 horas, na capela imperial do cemitério Jardim das Palmeiras. O sepultamento, por sua vez, será após às 13 horas, no cemitério Santana, no Setor Campinas.
Veja nota da Câmara de Goiânia na íntegra
“Recebemos com imenso pesar o falecimento de Ana Braga de Queiroz, a primeira mulher eleita vereadora da Câmara Municipal de Goiânia. O legado de Ana Braga está para sempre registrado na história de Goiânia, de Goiás e do Brasil, em especial por sua atuação na conquista dos direitos civis das mulheres goianas e brasileiras, notadamente na política e no serviço público. Ana Braga foi pioneira em tudo o que fez em sua vida. Sua trajetória como parlamentar, primeira-dama, professora e tribuna seguirá inspirando muitas gerações de homens e mulheres públicos. Nossos agradecimentos a Ana Braga por seu espírito destemido, por suas sempre sábias palavras de coragem e afeto e, principalmente, por seu exemplo como parlamentar e cidadã”.
Fonte: g5news