Se dependesse dele, ficaria nos Estados Unidos. A Itália pode estar no roteiro de fuga.
Bolsonaro, que em abril do ano passado indultou o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a 8 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal, tinha medo de ser gravado por ele. Por isso calou-se ao ouvir Silveira propor ao senador Marcos do Val (Podemos-ES) que grampeasse Alexandre de Moraes.
Isso não o tira da cena do crime. Foi ele quem convidou Do Val para a reunião com Silveira no Palácio da Alvorada. Como Do Val pediu tempo para refletir sobre a proposta, Bolsonaro disse a ele que esperaria uma resposta. Qualquer cidadão, tanto mais uma autoridade, não pode testemunhar um crime e silenciar.
Não foi a primeira vez que Bolsonaro silenciou. Em junho de 2021, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) contou que em março daquele ano alertou Bolsonaro sobre indícios de irregularidades na negociação do Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin. À época, a pandemia da Covid alastrava-se.
“No dia 20 de março fui pessoalmente com o servidor da Saúde que é meu irmão, e levamos toda a documentação para ele”, contou Miranda. Seu irmão, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, relatou ao Ministério Público Federal ter sofrido pressão incomum para assinar o contrato superfaturado.
Diante da denúncia, Bolsonaro nada fez. Quando ela se tornou pública, disse que pedira ao general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, que a investigasse, mas ela não procedia. A denúncia seria mais tarde o prato cheio da CPI da Covid, no Senado. Com o apoio de Bolsonaro, Pazuello se elegeu deputado federal pelo Rio.
Foragido nos Estados Unidos, tendo perdido a imunidade que o cargo lhe conferia, é pule de dez que Bolsonaro acabará sendo convocado para depor sobre o que Do Val disse ter acontecido em depoimento que prestou ontem à noite à Polícia Federal. Caso se recuse a voltar, o governo brasileiro poderá pedir sua extradição.
Em entrevista à Rede TV!, Lula afirmou que “agora” está plenamente convencido de que Bolsonaro participou da tentativa de golpe para anular as eleições do ano passado. A um jornal de Milão, Bolsonaro declarou que é italiano, porque seus avós eram, o que o habilitaria a requerer “cidadania plena” naquele país.
fonte: metrópoles