Por Gabriella Braga
Aos 19 anos, Nathalia Rodrigues coleciona 649 mil seguidores no Instagram. Trabalhando como DJ há pouco menos de um ano, já registra shows entre seu estado natal, Goiás, e São Paulo. O estado paulista foi escolhido para ser o novo lar porque lá “não julgam tanto”. Enquanto vivia na Vila Sul, em Aparecida de Goiânia, quando iniciou como dançarina de funk, era atacada por críticas: “essa dança é vulgar”, “funk não é cultura”.
A mulher guerreira, como se denomina, foi criada para ser assim desde a infância. O pai – ou apenas bandido, como o prefere chamar – era traficante de drogas e agressor de mulheres. Já aos 4 anos de idade servia como mula para entrega de cocaína em esquinas perto de casa. Na época, a pequena Nathalia não entendia o que estava fazendo. Em uma dessas idas, curiosa para saber do que se tratava aqueles saquinhos com pó branco, abriu um. A penalidade foi certeira: recebeu surras do pai.
A mãe Suzana tentou incansavelmente mudar o homem que amava. Nunca o abandonou, mesmo com as constantes agressões a qual estava submetida. Em um desses dias, Nathi procurou ajuda a um vizinho depois de ver o nariz da mãe sangrar por conta de um murro. Suzana não aceitou a ajuda, tinha medo. O relacionamento só acabou quando o marido foi assassinado – no ano em que Nathalia entrava em seu 8º aniversário. Suzana teve de se desdobrar para conseguir cuidar dos dois filhos com o pouco que recebia como garçonete. O dinheiro escasso resultou na busca por outros turnos de emprego, quando passou a trabalhar 18 horas por dia.