Retrato da fome – Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. A cada 10 lares chefiados por mulheres ou por pessoas negras de ambos os gêneros, 6 têm algum nível de insegurança alimentar, de acordo com a pesquisa. Entre famílias chefiadas por homens, independentemente de raça, o índice é de 53,6%; entre lares chefiados por pessoas brancas, é de 46,8%.
Para Tereza Campello, economista e titular da cátedra Josué de Castro da USP, a volta do país ao mapa da fome se deveu a uma escolha política e não foi causada pela pandemia. Hoje, ela explica, a fome passou a ser um fenômeno nacionalizado. Se antes o problema era localizado em algumas regiões, hoje está presente em todo o país.
“Piorou muito [a situação das mulheres negras]”, ressalta a professora. De acordo com estudo da Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas e Sociedade, as mulheres negras que têm ocupações na base do mercado de trabalho foram o segmento da sociedade que mais morreu de Covid-19 em 2020. Elas também foram as mais afetadas pela recessão gerada pela pandemia – mais presentes em setores não essenciais e sem vínculos formais de trabalho, muitas mulheres negras perderam parte significativa de sua renda durante a pandemia.
Fonte:G1